2013/07/01

Pausa

Caros leitores,

Estou me dedicando a um novo projeto literário atualmente. Uma boa idéia não deve ser ignorada. Conforme tiver tempo ou conforme render meus novos textos volto a publicar por aqui.

Até lá, pausa para refletir.

Abraços.

2013/06/10


Já fazia sete anos que ele não corria. Seus pés não respondiam mais da mesma forma. A expectativa era como uma diversão e não uma tensão. Em verdade, a expectativa era sua alegria porque o trazia a sensação de movimento... Não importava sucesso ou frustração, importava sair da apatia.

Tranquilidade e paz transbordavam de seus olhos. Ele não tinha pressa de chegar ou partir. Com muitos ele se encontraria e com muitos partilharia sonhos e confidências. Ele nunca estava só é por isso corria outra vez.

Muitas passagens já havia visto e muitos sabores provado. O gosto do alecrim nunca foi esquecido por sua boca. Porém algo mais belo que estar tinha em mente na sua corrida: conhecer.  Repetia seu mantra com frequência:"por onde você anda? O que você faz? De que gosta? Como se sente? Quem é você?"

Cada pessoa era uma história e, sua corrida, um universo.
[...]

(Trecho de um projeto novo de livro online que estou digerindo)

2013/06/02

Cartas para você 1

Uma noite fria, um bom vinho e uma cadeira vazia.
Minha mão aquece seu coração solitário escondido nas cobertas.
E meu pensamento se enche de vontade de te ver aqui, te ver sorrir, te ver cantar e fazer amar.

É meu amor, naquele dia em que a vi partir, foi quando me dei conta que deixei algo de mim para trás.
Deixei, uma vontade de de me doar-me por ti, deixei seu calor que me fez sorrir, me fez cantar, me fez amar e sonhar.

É, agora nessas cartas que escrevo para ti, vejo meus sonhos vivos e felizes sim onde nosso amor nos faz crescer, nos faz viver, nos faz sofrer e nos faz amar!

Minhas cartas para você I

2013/05/29

O encontro

O encontro não tem hora marcada. Ele não manda convite e nem tem pressa. O encontro não acontece por acaso e nem se prolonga sozinho. Começa dentro de você, passa a envolver as pessoas em sua volta como parte de seu eu e,  de repente, acaba sendo envolvido pelo outro.

O encontro não tem pressa, nem hora marcada ou lugar definido. Ele simplesmente acontece...

2013/05/25

Quando ela corre para mim...

Runby ~bladebandit - http://bladebandit.deviantart.com/art/Run-139845014


Ensaio / plágio / inspiração informal.


Quando ela corre para mim não tem como fugir;
Na sua lista de desejos agora sou eu.
Ela se veste e se prepara pensando em mim.
Não tem como resistir, a vítima sou eu.

De galho em galho ela voa, não sabe parar;
Mas agora pensa em mim em todo lugar.
Sua isca não quer seduzir mais ninguém.
Me provou e agora só quer que seja eu.

Em sua onda "transa-louca" eu já cai;
Ela diz agora você vai ser meu.
Mas esse desejo dela por mim não vai ter fim.
Nesse sonho não me importo de viver sempre assim.

2013/05/14

A diversão na escrita

Feather by ~EraOcean - 





Algumas pessoas perguntam "porque você se expõe assim seu blog pessoal?" frequentemente. E o mais interessante, afirmam e argumentam razões para eu não escrever com a convicção plena de que se trata de um diário particular. Pois bem senhores e senhoritas, vocês estão redondamente enganados.

Escrevo e é fato. Exponho idéias e perspectivas de personagens. Poucos entendem que para alguns tipos de escritos, como eu, a história contada é uma dramatização tão impessoal quanto uma peça de teatro. 

Claro, não vou ser hipócrita de dizer que não sinto nada com isso. Assim como o ator, eu me envolvo com o que escrevo e até certo ponto vivencio cada um dos personagens concebidos. Por outra ótica, é obvio que tudo que sai no papel um dia entrou em mim seja por vivência ou aprendizado. Muitas idéias são transformadas, outras realmente transcritas, mas em momento nenhum são narrativas da minha vida.

Afinal de contas que escritor seria eu se em um dia triste para mim não fosse capaz de escrever um poema de aniversário? Meus sentimentos existem, fato, mas eles não impedem que eu procure a beleza na escrita e acima de tudo a satisfação do leitor. Fazer leitor feliz é a melhor das recompensas.

Em fim, para não me perder, escrevo porque gosto. Escrevo por diversão. Escrevo para transmitir algo. Escrevo com o sangue que sou feito, mas meus textos não são o que sou.

Na alma de todo escritor existe um texto, mas em nenhum texto vai encontrar a alma das pessoas.

Abraços,
Diogo S de Queiroz

2013/05/13

Claire e Taciturno 2

The Taciturn Two - Jazz-DaFunk - http://jazz-dafunk.deviantart.com/art/The-Taciturn-Two-289302072






















...
- Me parece um sonho tão pretêncioso quanto o nirvana...
- Por isso me sito em paz em viver tal propósito.

O interesse e a conversa entre Claire e Taciturno parecia não ter fim. E, realmente, não teria se um detalhe fosse perguntado e uma resposta não fosse dita.

- Mas essa tristeza, essa nostalgia como diz... Que fruta mágica é essa que pretende cultivar capaz de curar as pessoas desse estado?
- Convenhamos Claire, você me chamou para fazer companhia em seu drink ou para me interrogar? - Pergunta Taciturno em um tom irônico e seu espontâneo sorriso.
- Um bom interrogatório sempre vem antes de uma boa bebida e, esta reação, esta me parecendo uma fuga pela esquina.

Um curto suspiro, um olhar para a taça e um olhar direto para os olhos de Claire. Ele tinha uma resposta, realmente a tinha, mas Taciturno raramente expunha verdadeiramente suas crenças mais internas. Seu canto era interno e egoísta.

- Claire, que graça teria o mundo se em uma bebida eu a mostra-se todos os segredos do universo? A vida só tem sentido porque é feita de infinitas perguntas.
- Eu nunca me canso de ter fé em suas palavras Taciturno. - Sorri Claire de forma branda e pura.
- Deve ser por isso que eu nunca me canso de sua companhia. Só por tal motivo te deu sua resposta.




2013/05/10

Claire e Taciturno 1

- Bebe comigo Taciturno?
- E por acaso não deveria?
- Depende de por onda anda seus pensamentos.
- No lugar para onde sempre vão florescer na noite.
- E eu poderia saber que lugar é esse?
- Um lugar agradável, com uma pessoa gentil a saborear um vinho suave. Quem sabe recitar um poema, fazer amor e adormecer contando estrelas no céu.
- Muitos desejos repousam em sua mente Taciturno.
- Faz parte do meu propósito. Sem meus desejos, na mais pura e plena paz, nunca seria capaz de alcançar as angustias e alegrias dos seres humanos. Não tenho a intenção de alcançar o nirvana ou o firmamento, tenho a intenção de ser uma ferramenta que remove as mentes de suas nostalgias.
- Me parece um sonho tão pretêncioso quanto o nirvana...
- Por isso me sito em paz em viver tal propósito.

O interesse e a conversa entre Claire e Taciturno parecia não ter fim. E, realmente, não teria se um detalhe fosse perguntado e uma resposta não fosse dita.

2013/05/07

Gibran

Muito especialmente hoje vou publicar um trecho do livro "O profeta" de Gibran Khalil Gibran.
Obviamente, Gibran nunca me decepcionou.

"Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão:
Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas.
Encheis a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça.
Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vos estar sozinho,
Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia.

Dai vossos corações, mas não confieis a guarda um do outro.
Pois somente a mão da vida pode conter nossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia;
Pois as colunas do templo erguem-se separadamente,
E o carvalho e o cipreste não crescem a sombra um do outro."

2013/05/06

Minhas flores



São com pétalas de seis cores as flores do meu jardim.
Foi com pétalas de seis cores o colar que fiz para ti.
Mas coitado do meu jardim, com flores sem brilho agora está.
E seu colar o frio também há de murchar.
Mas na primavera, na luz de meu sol, meu jardim vai voltar a brilhar.
E flores de seis cores vou voltar a presentear.

2013/05/02

23/06/2010

Marcas, marcas, são tantas marcas... Dispersas pelo seu corpo em forma de cicatrizes, feridas, tatuagens e traços sutis de sua pele. Compõem as belas expressões de sua face de aparência pura, porém, repleta de marcas!

Em quedas, na vida, na ausência, solidão e idolatria. Adquiriu uma a uma com orgulho, alegria e dor. Marcas: prefere telas ao viver em um corpo vazio.

2013/04/27


O poeta nunca morre.

Em comemoração a re-abertura desse já caduco blog vou postar um retrato de uma das infinitas formas de viver feito por Paulinho Moska.

Paulinho Moska


"Você diz que não me reconhece, que não sou o mesmo de ontem
E que tudo o que eu faço e falo não te satisfaz
Mas não percebe que quando eu mudo é porque
Estou vivendo cada segundo e você
Como se fosse uma eternidade a mais
Sou um móbile solto no furacão...
Qualquer calmaria me dá... solidão"

"Na última vez que troquei meu nome
Por um outro nome que não lembro mais
Tinha certeza: ninguém poderia me encontrar
Mas que ironia minha própria vida
Me trouxe de volta ao ponto de partida
Como se eu nunca tivesse saído de lá"
"Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão"

"Quando a âncora do meu navio encosta no fundo, no chão
Imediatamente se acende o pavio e detona-se minha explosão
Que me ativa, me lança pra longe pra outros lugares, pra novospresentes
Ninguém me sente...
Somente eu posso saber o que me faz feliz
Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão"

2012/03/23


O velho carvalho
Hoje cheguei a pensar em escrever algo. Cheguei a achar ter achado algo nunca perdido. 
Hoje parei diante de mim mesmo orgulhoso por ainda conseguir ficar em pé, e, embebido no drama que paira sobre o mundo atual pensei em um longo e profundo poema sobre o viver e o sobreviver. E ele deu voltas, e voltas, e voltas... estendeu-se de forma primorosa e chegou até a dar-me orgulho. Então, peguei o caderno (algo de papel onde se escreve usando tinta de um tubo) e o fechei. 
Somente existe sentido em escrever sobre a vida quando não há mais o que viver. Diante disso, leiam meu poema quando um dia vier a morrer.
Diogo Queiroz.

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Como adoro esse poema do Quintana resolvi coloca-lo abaixo para me lembrar de quem eu sou.

Carta
Meu caro poeta,
Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola traçada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos, aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? – perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: “eu vos trago a verdade”, enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: “eu te trago a minha verdade.” E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!
Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?” A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz.
A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.
Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: “Eu não te largarei até que me abençoes”. Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técnica dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.
Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.
Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.
Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?
( Mario Quintana )